Processadores menores, mais
rápidos e mais versáteis representam uma busca constante para a indústria de
informática. O futuro dos chips pode estar em um material insólito, o grafeno,
como relata um novo estudo, publicado na edição (8/5) da revista Science.
Super
grafeno
A pesquisa, conduzida por
pesquisadores das universidades Stanford e da Flórida e do Laboratório Nacional
Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, descreve avanços no uso do grafeno que
poderão ajudar na aplicação dessas folhas com a espessura de átomos de carbono
em computadores e outros dispositivos eletrônicos.
Descoberto em 2004, o grafeno
é considerado o mais forte de todos os materiais. É também um dos tópicos mais
quentes na física e química, por características particulares, como a reduzida
espessura, e propriedades notáveis, como a excelente condução de eletricidade.
Semicondutor
tipo N
No novo estudo, os autores
conseguiram criar um dos dois tipos básicos de semicondutores usando o grafeno.
O grupo montou e testou um transistor do tipo N feito de fitas de tamanho
nanométrico (bilionésimo de metro) do material.
A conquista é importante, uma
vez que os materiais semicondutores usados na indústria possuem duas formas -
tipo N e tipo P -, que se referem à presença de elétrons ou de lacunas
respectivamente - a corrente elétrica implica o movimento de elétrons, que
precisam das lacunas para mudar de lugar.
Como semicondutores do tipo P
de grafeno já haviam sido produzidos, agora os pesquisadores dispõem de todos
os componentes fundamentais para a produção de novos processadores.
Desafios
a vencer
"É claro que há ainda
desafios enormes até que isso possa ser colocado em produtos, mas acho que o
novo estudo terá um papel muito importante nesse processo", disse Jing
Guo, da Universidade da Flórida, um dos autores da pesquisa.
"Nosso objetivo principal
é encontrar uma nova maneira de modificar uma nanofita de grafeno de modo que
ela seja capaz de conduzir elétrons. Trata-se de um requisito fundamental para
que o material possa ser empregado na produção de dispositivos eletrônicos",
disse.
Em
busca de um sucessor para o silício
O entusismo pelo grafeno se
deve a que, após décadas de uso, o chip de silício parece estar chegando ao seu
limite. Se a evolução rumo a semicondutores cada vez menores, mais poderosos e
mais baratos continuar, o que deve ocorrer, novos materiais precisarão ser
encontrados.
A utilização do material
nanotecnológico é objeto de pesquisa de diversos laboratórios no mundo. Em
março, um grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts divulgou ter
conseguido criar um chip de grafeno capaz de multiplicar sinais elétricos.
Guo e colegas montaram o
primeiro transistor do tipo N feito de grafeno por meio do uso de um novo
método que envolve afixar átomos de nitrogênio nas extremidades da nanofita,
tornando-as mais lisas e capazes de fazer com que o transistor seja mais
rápido.
"Usamos a química para
poder lidar com os desafios que temos que enfrentar quando passamos para
dimensões em escalas nanométricas. Esse trabalho é apenas o começo, mas ele
indica que a química do grafeno é uma área rica para explorar o potencial desse
material", disse Guo.
Bibliografia:
Inovação Tecnologica
N-Doping of Graphene Through
Electrothermal Reactions with Ammonia
Xinran Wang, Xiaolin Li, Li
Zhang, Youngki Yoon, Peter K. Weber, Hailiang Wang, Jing Guo, Hongjie Dai
Science
8 May 2009
Vol.: 324. no. 5928, pp. 768 -
771
DOI: 10.1126/science.1170335
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