domingo, 31 de maio de 2015

Estudo do semicondutor

Para entender o funcionamento do diodo, transistor, circuito integrado, componentes de fundamental importância na nossa eletrônica, temos que aprender a teoria das matérias, principalmente do semicondutor, princípio fundamental para sua construção.

Existem na natureza materiais que podem conduzir a corrente elétrica com facilidade, são classificados como materiais condutores ex: Alumínio, cobre, ferro, ouro, etc. Encontramos também os materiais que não conduzem correntes elétricas que são classificados como materiais isolantes ex: Borracha, mica, vidro, plástico, etc.

O meio termo entre condutores e isolantes são os materiais semicondutores, principio dos nossos diodos, transistores e circuitos integrados, utilizados na eletrônica dos nossos equipamentos de tecnologia, computadores, celulares, televisores, etc.

Destacamos entre os semicondutores o Silício (Si) e o Germânio (Ge). Existem outros elementos semicondutores também importantes para eletrônica são eles o Selênio (Se), o Gálio (Ga) etc.

A principal característica que interessa no caso do Silício e do Germânio é que estes elementos possuem átomos com 4 elétrons na sua última camada (valência do átomo) e que eles se dispõem numa estrutura geométrica e ordenada (cristalina). Veja na figura abaixo como seria a estrutura de um pedaço de silício.



Cada átomo compartilha os 4 elétrons com os átomos vizinhos, de modo a haver 8 elétrons em torno de cada núcleo.

O silício e o Germânio formam cristais onde os átomos se unem compartilhando os elétrons da última camada.


Sabemos da química que os átomos de diversos elementos têm uma tendência natural em obter o equilíbrio, quando sua última camada adquire o número máximo de 8 elétrons.

Desta forma, tanto o silício quanto o germânio formam cristais quando os seus átomos um ao lado do outro compartilham os elétrons havendo sempre 8 deles em torno de cada núcleo, o que resulta num equilíbrio bastante estável para estes materiais.

Nesta forma cristalina de grande pureza o Silício e o Germânio não servem para elaboração de dispositivos eletrônicos, mas a situação muda quando adicionamos certas “impurezas“ ao material (dopagem).

Estas impurezas consistem em átomos de algum elemento químico que tenha na sua última camada um número diferente de 4 elétrons, e que sejam agregados a estrutura do Germânio ou/e do Silício em proporções extremamente pequenas da ordem de partes por milhão (ppm).

No nosso exemplo utilizaremos o Silício com as duas possibilidades de adição.

  •          Elementos com átomos de 5 elétrons na última camada;
  •             Elementos com átomos dotados de 3 elétrons na última camada.


 No primeiro caso, mostrado na figura abaixo, a adição e utilizando o elemento Arsênio (As).




Como os átomos vizinhos só podem compartilhar 8 elétrons na formação da estrutura cristalina, sobrará um que não tendo a que se ligar, adquire mobilidade no material, e por isso pode servir como portador de carga.


O resultado é que a resistividade ou capacidade de conduzir a corrente se altera e o semicondutor no caso o Silício fica, o que se chama “dopado” e se torna bom condutor da corrente elétrica.

Como o transporte das cargas é feito nos materiais pelos elétrons que sobram ou elétrons livres que são cargas negativas, o material semicondutor obtido desta forma, pela adição deste tipo de impureza, recebe o nome de Semicondutor do tipo N (N-negativo).

Na segunda possibilidade, agregamos ao cristal de silício uma impureza, que contém 3 elétrons na sua última camada, no caso o Índio (In) obtendo-se então uma estrutura conforme mostrada na figura abaixo.


Observa-se que, no local em que se encontra o átomo de Índio não existem 8 elétrons para serem compartilhados de modo que sobra uma vaga, que chamamos de “lacuna”.

Esta lacuna também funciona como portador de carga, pois os elétrons que queiram se movimentar através do material podem “saltar” de lacuna para lacuna encontrando assim um percurso com pouca resistência.

Como os portadores de carga neste caso são lacunas, e a falta de elétrons corresponde ao predomínio de uma carga positiva, dizemos que o material Semicondutor assim obtido é do tipo P (P de positivo).

Podemos formar materiais semicondutores do tipo P e N tanto com os elementos como o Silício e o Germânio, como com alguns outros encontrados em diversas aplicações na eletrônica.

Junção PN - Um importante dispositivo eletrônico é obtido quando juntamos dois materiais semicondutores de tipos diferentes formando entre eles uma junção semicondutora.

A junção semicondutora é parte importante de diversos dispositivos como os diodos, transistores, SCRs, circuitos integrados, etc. Por este motivo, entender o seu comportamento é muito importante.

Supondo que tenhamos dois pedaços de materiais semicondutores, um do tipo P e o outro do tipo N, se unimos os dois de modo a estarem num contato muito próximo, formam uma junção, conforme se mostra na figura abaixo.



Esta junção apresenta propriedades muito importantes. Analisemos inicialmente o que ocorre na própria junção.

No local da junção os elétrons que estão em excesso no material N e podem movimentar-se procuram as lacunas, que estão também presentes no local da junção, no lado do material P, preenchendo-as. O resultado ‘e que estas cargas se neutralizam e ao mesmo tempo aparece uma certa tensão entre os dois materiais (P e N).

Esta tensão que aparece na junção consiste numa verdadeira barreira que precisa ser vencida para que possamos fazer circular a corrente entre os dois materiais.  Esta barreira é chamada de Barreira de potencial ou ainda Tensão de Limiar ou ainda Tensão de Condução. Para o Germânio esta tensão é de 0,2 a 0,3 Volts e para o Silício é de 0,6 a 0,7 Volts. Veja figura abaixo.



A estrutura indicada, com os dois materiais semicondutores P e N, forma um componente eletrônico com propriedades elétricas bastante interessantes e que é chamado de Diodo (semicondutor), e que já foi matéria de outro artigo postado por mim.

Até breve.
Prof. José Carlos



Uma das maiores descobertas cientificas da ultima década a “partícula-deus”


A descoberta do Bóson de Higgs, a partícula que desvenda o mistério da massa, foi um dos principais avanços científicos de 2012 e também das últimas décadas. Detalhado pelo britânico Peter Higgs em 1964, o bóson é responsável por criar um campo de força dentro do átomo que dá massa às partículas. Por exemplo: se elas interagem menos com o campo, ficam com pouca massa, como os elétrons. Se interagem bastante, passam a ter mais massa, como é o caso dos quarks. Sem o bóson, dizem os cientistas, átomos agrupados no Universo não poderiam existir, o que inclui os seres humanos. Por isso ele ficou conhecido como "partícula de Deus" (embora o termo original fosse "partícula-deus"). O experimento que comprovou a teoria ocorreu em julho de 2012 no Laboratório Europeu de Física de Partículas (Cern), com ajuda do Grande Colisor de Hádrons (LHC, da sigla em inglês), considerado por si só o maior experimento científico de todos os tempos. Os pais da teoria -- Peter Higgs e François Englert -- receberam o Nobel de Física já no ano seguinte.

Consultoria: Gustavo Rojas (astrofísico/Universidade Federal de São Carlos), Marcelo Knobel (físico/Universidade Estadual de Campinas) e Reinaldo Salomão (infectologista/Universidade Federal de São Paulo)

domingo, 24 de maio de 2015

Medições em componentes eletrônicos parte 1



O multímetro é o instrumento mais utilizado no teste de componentes eletroeletrônicos. Em meu blog apresentarei alguns artigos ensinando algumas práticas para testar diversos tipos de componentes e analisar os resultados obtidos. Começaremos com o teste do semicondutor diodo.

O diodo comum é um componente formado por dois cristais semicondutores, sendo o silício matéria mais utilizado. Na sua construção cada cristal sofre um incremento (dopagem) com outros materiais, formando assim uma pastilha do tipo (N) e outra do tipo (P).

Análise e identificação dos terminais de um diodo com um multímetro digital:

Veja abaixo o símbolo do diodo e o componente físico em SMD.

Se o ânodo e o cátodo do diodo estão identificados:


·         Selecionar através do comutador rotativo do multímetro a posição de análise de diodo;



·         Conectar as pontas de prova ao multímetro;
·         Conectar a ponta de prova vermelha do multímetro (+ da pilha interna) ao ânodo (A) e a ponta de prova preta (- da pilha interna) ao cátodo (K). No display deverá aparecer um certo valor da resistência da junção PN;


·         Conectar a ponta de prova vermelha do multímetro (+ da pilha interna) ao cátodo (K) e a ponta de prova preta (- da pilha interna) ao ânodo (A). No display deverá aparecer a indicação de resistência infinita;


·         O diodo sob teste está em bom estado.

Se o ânodo e o cátodo do diodo não estão identificados:
·         Selecionar através do comutador rotativo do multímetro a posição de análise de diodo;
·         Conectar as pontas de prova ao multímetro;

·         Conectar a ponta de prova vermelha do multímetro (+) a um dos terminais e a ponta de prova preta (-) ao outro terminal.

Se no display aparecer um certo valor de resistência, é sinal que estamos polarizando diretamente a junção PN. Logo o terminal do diodo que entrou em contato com a ponta de prova vermelha é o ânodo (A) e o terminal que entrou em contato com a ponta de prova preta é o cátodo (K).
Se no display aparecer a indicação de resistência infinita, é sinal que estamos polarizando inversamente a junção PN. Logo, o terminal do diodo que entrou em contato com a ponta de prova vermelha é o cátodo (K) e o terminal que entrou em contato com a ponta de prova preta é o ânodo (A); O diodo sob teste está em bom estado. Observe a figura.


Conceito teórico sobre a polarização de um diodo (Junção PN)

·         O diodo pode apresentar os seguintes problemas:

·         Diodo com a junção em curto;
     Nesse caso a leitura de resistência que iremos obter para os dois sentidos de polarização será zero ou próximo de zero.




      
A outra possibilidade de encontrar um diodo defeituoso seria se a sua junção estivesse rompida (aberta), nesse caso a leitura encontrada no multímetro serio o infinito para os dois lados de medição.

Ate a próxima!

Prof. José Carlos.



segunda-feira, 4 de maio de 2015

O que são metadados


Os metadados são marcos ou pontos de referência que permitem circunscrever a informação sob todas as formas, pode se dizer resumos de informações sobre a forma ou conteúdo de uma fonte.

O prefixo “Meta” vem do grego e significa “além de”. Assim Metadados são informações que acrescem aos dados e que têm como objetivo informar-nos sobre eles para tornar mais fácil a sua organização.

Os metadados têm tradicionalmente sido vistos como separados do núcleo duro da informação, ou seja a que está relacionada com as transações de negócio. O que não quer dizer que não sejam importantes. Definições e regras de negócio, detalhes de segurança, informação de domínios, tags XML são metadados.

Desde tempos antigos que esse tipo de informação é usada para classificar, organizar e pesquisar. Na antiga Suméria as placas de argila eram identificadas por fios coloridos conforme o tipo e arrumadas em prateleiras com indicações escritas ao lado. Os escribas romanos atavam molhos de documentos relacionados, etiquetavam-nos e penduravam-nos do teto!
O que agora é diferente é que a informação é eletrônica, dispersa e cresce a uma velocidade exponencial.

Exemplo de metadados no universo da gestão de arquivos baseada em papel: localização física, n.º de caixa, etiqueta de pasta, sistema de classificação. No mundo da imagem documental podem incluir tipo de documento, data, entidades com que se relaciona. Exemplos para a gestão documental poderiam ser autor, data, assunto, tipo de documento, n.º de versão.

A sua utilização estende-se no entanto a outros campos além da gestão documental. Por exemplo a tecnologia conhecida por “data warehouse” consiste em extrair e consolidar dados de múltiplas fontes numa base de dados que possa ser consultada de várias maneiras pelos utilizadores com ferramentas de suporte à decisão. Os metadados são neste contexto um instrumento essencial para a gestão do repositório e incluem informações como lista de conteúdo, origem dos dados, transformações (como filtragens ou cálculos efetuados na transferência para a localização atual), versão, modelos de dados,etc.

Os metadados podem ser estruturados ou não estruturados. Exemplo de não estruturados: o índice produzido por um sistema de indexação e pesquisa em texto integral. Estruturados são por exemplo um sistema de classificação de arquivo ou o dicionário de dados de um SGBD. Outro exemplo é a EDI que não poderia funcionar, com uma circulação diária de milhões de documentos entre empresas de todo o mundo se não fossem seguidos standards rigorosos de identificação dos chamados “transaction sets”.

No âmbito da Gestão Documental há uma distinção a fazer entre índices e metadados. Num sistema de indexação por descritores, os dados de índice são geralmente uma parte dos metadados. Num sistema de texto integral em que todos as palavras são parte do índice, este é muito mais vasto do que aqueles.
Podemos considerar que os metadados são instrumentos para a busca e recuperação da informação mas, no caso dos documentos têm uma função adicional do ponto de vista arquivístico: atender aos requisitos de administração, como por exemplo a determinação do ciclo de vida e portanto o prazo de retenção dos documentos, base para decisões sobre localização e meio de armazenamento, migração, etc.

Digamos que os metadados têm que ver mais com a gestão de registos “records management” e os índices com o acesso à informação. Ambos podem no entanto ser captados numa mesma fase das operações, normalmente designada de indexação. Esta é tradicionalmente a operação que ao longo do tempo fica mais cara em qualquer sistema de arquivo ou gestão documental quando feita manualmente. Para reduzir esses custos há várias técnicas que podem ser usadas.

  • a leitura de OCR e/ou códigos de barras para documentos com origem em papel
  • a captura de informação de cabeçalho dos documentos HTML ou tags de documentos XML
  • a utilização de sw de classificação automática, especialmente interessante para e-mail

Finalmente não esquecer as potencialidades da integração com os sistemas “Line-of-Business” como os ERP pois em muitos casos os metadados necessários para a gestão dos documentos já existem nas bases de dados dessas aplicações e podem ser automaticamente capturados.
Aliás essa integração deveria ser sempre avaliada ao estabelecer um Plano de Arquivo e de Gestão Documental.

As tecnologias de Gestão de Documentos em forma eletrônica convergem: imagem, gestão documental, gestão de registos e arquivo, COLD/ERM e e-mail são cada vez mais componentes de soluções integradas ou são ligados a aplicações “line-of-business” . O que não é óbvio é que ocorra paralelamente uma integração dos metadados e esse é um dos importantes desafios que a industria enfrenta ao pretender ir ao encontro de uma estratégia ao nível empresarial. (*)

Os metadados descritos por Dublin Core podem ser definidos como conjunto de elementos de metadados planejados para facilitar a descrição de recursos eletrônicos. Eles são desenvolvidos a partir e em função de dados, por isto que é designado como “dados sobre dados” ou “informação sobre a informação”.

A ferramenta de Dublin Core é uma das que oferecem ampla oportunidade de uso para descrição de vários tipos de recursos envolvendo os mais variados formatos de documentos. As Instituições envolvidas na organização da informação em ambiente web, como a construção de bibliotecas digitais, base de dados, portais e sites, entre outros serviços, estão a deparar-se com a necessidade de implementar padrões de descrição de seus recursos eletrônicos.

A importância dos metadados para a web semântica está basicamente ligada à facilidade de recuperação dos dados, uma vez que estes terão um significado e um valor bem definidos. Nesse sentido, todos os documentos publicados na web devem ser catalogados.

A ficha catalográfica de uma obra (os metadados que serão acrescentados a ela) é um registo eletrônico que contém descrições desta e que permitem que se saiba do que se trata sem ter que se ler ou ouvir todo o seu conteúdo. O registo seria uma representação da obra. (#)


(*) http://www.dotecome.com/infoimagem/infoimagem/info35/35art3.htm(#) http://dublincore.org/metadata-basics/